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A Síndrome do “Feliz Aniversário”

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Todo mundo tem um trauma. Se não tem, é porque ainda não sabe. Exagero meu? Talvez. O certo é que meu trauma é o dito “Feliz Aniversário”, que pode ser muito bem substituído por um alegre “Parabéns”. O problema não é ouvir essas palavras, tampouco gostar de aniversário. Ao contrário. Por mim, as pessoas poderiam fazer anos de vida duas, três, quatro vezes ao ano. Sem falar das festas, adoro aniversários. E também gosto de comemorar o meu mesmo não sendo um sucesso de audiência. O que me incomoda é essa convenção social de desejar “felicidades” para as pessoas.

Toda cultura tem seus protocolos e convenções. Temos os feriados, sejam eles nacionais, estaduais ou municipais. Comemoramos o “Ano Novo”, festejamos os ritos religiosos e as uniões entre pessoas, mais conhecidas como casamento. Isso varia de acordo com a cultura. Alguns países possuem outros ritos, muitas vezes milenares, podendo estar ligados a religiões ou não. Mas, voltando à nossa realidade, os brasileiros, assim como praticamente toda civilização ocidental, têm o costume de comemorar o aniversário, que pode ser interpretado como o início de um novo ano ou ciclo. E quando entramos nesse assunto, muitas vezes fazemos relações com a astrologia e outras crenças, que, segundo elas, a data em que nascemos influencia diariamente em nossas vidas.

Enquanto começava a escrever esse texto, fiz uma rápida consulta à Wikipedia na falta de fonte melhor sobre essa data. Aparentemente, a origem da comemoração do aniversário está na civilização grega. De acordo com as tradições antigas, e isso inclui outras civilizações, o motivo de comemorar era de proteger o aniversariante de “demônios” ou “maus espíritos” e de desejar um bom ano que começava. Dar presentes garantia maior proteção ainda. Porém, não achei referências sobre parabenizar por essa data.

De qualquer forma, entendo que desejar “felicidades” é algo muito bom, inclusive gosto de receber “parabéns”. E não apenas pelo aniversário, é claro. Voltando ao que falei no início do texto, o problema é o protocolo, a formalidade de parabenizar todos que conhecemos, ano após ano. E a coisa piora quando esquecemos, o que acontece o tempo todo comigo. Eu simplesmente esqueço, um dia sim, outro também. Nem as redes sociais ajudam nessas horas. Não bastasse isso, esqueço também de agradecer. Ok, isso não é algo grave, mas quem nunca ouviu alguém falar “Esqueceu do meu aniversário?”, ou “Você não me deu parabéns”, ou ainda “Eu te mandei mensagem de feliz aniversário, tu não viu?”. Isso é algo muito chato, mesmo.

Cansado disso, tomei uma decisão. Conversando com meu namorado, descobri que ele não gosta de dar “parabéns” para as pessoas, não sabe o que falar, algo que, às vezes, acontece comigo também. Mas aprendi com ele que é muito melhor parabenizar as pessoas que gostamos, nossos amigos, familiares, colegas, e não sair dizendo “feliz aniversário” para aquela lista imensa que aparece todos os dias no Facebook. E é muito legal também receber essas palavras daqueles que realmente nos conhecem, que estão próximos de nós, com quem mantemos contato sempre, e não apenas um dia por ano.

Até agora, estou achando muito interessante fazer isso. Só ainda não resolvi o problema do esquecimento. Caso eu tenha esquecido o teu aniversário, caro leitor, aqui está o meu Parabéns atrasado. E muito obrigado se você leu até aqui.


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